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GANHE O MUNDO: Uma Inovação na Educação Pública

GANHE O MUNDO: Uma Inovação na Educação Pública
Aurélio Molina da Costa¹, José Guido Corrêa de Araújo²

Introdução: O objetivo deste trabalho é descrever e difundir no meio acadêmico uma experiência inovadora de ensino de uma segunda língua em larga escala a estudantes do ensino médio de escolas da rede pública do Estado de Pernambuco denominado Programa de Intercâmbio Internacional “Ganhe o Mundo” (PGM), criado pela Lei Estadual nº 14.512, de 7 de dezembro de 2011, totalmente custeado com recursos estaduais.
Descrição: A história de intercâmbios educacionais e culturais internacionais é quase centenária e tem como um de seus marcos o Programa de Intercambistas do Rotary Club de Copenhague, na Dinamarca, iniciado em 1929, para estudantes europeus. Sua lógica era a promoção da paz e da compreensão internacional através do contato entre estudantes de diferentes culturas. O PGM foi desenhado para oferecer anualmente, num segundo turno escolar, ensino de uma língua estrangeira (inglês ou espanhol) a 25.000 estudantes do ensino médio estadual de todas as regiões do Estado de Pernambuco. Os estudantes são selecionados pelo coeficiente acadêmico, considerando-se a média aritmética anual das notas de português e matemática e de uma prova de habilidades linguísticas. Aos 1100 estudantes com melhor desempenho entre estes, é oferecida a oportunidade de viajar a um país de língua inglesa ou espanhola para cursar um semestre letivo em escolas do tipo High School (EUA, Canadá, Nova Zelândia, Austrália) ou Escuelas Secundarias (Espanha, Chile, Argentina). O programa foi desenhado para ter múltiplos impactos no complexo processo ensino-aprendizagem. A logística do programa é coordenada pelo Estado e cada estudante recebe as passagens aéreas, hospeda-se em família hospedeira e tem direito a uma bolsa mensal em torno de 300 dólares americanos.
Resultados: Cursos de Idiomas (Inglês e Espanhol): Encontram-se na 3ª versão (2011/12/13; 2013/14; 2014/15) tendo sido contemplados (somadas as três versões) 74 mil estudantes de 174 municípios e 520 escolas. Intercâmbio: O primeiro embarque foi realizado em 2 de agosto de 2012, tendo como destino final os EUA. Até o momento embarcaram (e retornaram) 3383 estudantes, assim distribuídos por país hospedeiro: Canadá = 1829; Nova Zelândia = 727; EUA = 313; Austrália = 149; Argentina = 198; Chile = 98 e Espanha = 69). A quase totalidade dos alunos (99,4%) concluiu seu intercâmbio, 94% consideraram sua fluência no retorno ao Brasil como excelente ou boa, 98,5% avaliaram sua experiência como positiva, sendo que 100%a recomendariam a um colega.
Os impactos proporcionados pelo programa incluem: 1) fluência em língua estrangeira (algumas vezes em duas línguas); 2) antecipação da formação de massa crítica com fluência em língua estrangeira ampliando as chances de obtenção de bolsas do Programa Ciências sem Fronteiras quando cursando o ensino superior; 3) estímulo ao desempenho escolar (Pernambuco subiu do 16º para o 4º lugar no IDEB-Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico, em apenas 2 anos); 4) compartilhamento de novas práticas pedagógicas (escolas mais “atraentes” sendo que Pernambuco passou a ser o estado com a menor taxa de evasão escolar do Brasil); 5) inclusão digital das famílias (particularmente as do interior do Estado); 6) criação de uma “nova cultura” pernambucana (multicultural, mais globalizada); 7) integração da comunidade escolar (“família” PGM); 8) aprimoramento dos mecanismos de gestão da Secretaria de Educação do Estado (ex: sistemas de informação online); 9) valorização da rede estadual (fluxo migratório de cerca de 40.000 alunos vindos da rede privada, em 2014); 10) elevação da autoestima dos educadores da rede e da sociedade pernambucana como um todo; 11) maior motivação da comunidade escolar; 12) elevação da autoestima das famílias dos intercambistas; 13) disseminação da consciência da importância de uma segunda língua na sociedade pernambucana; 14) reconhecimento pela sociedade do esforço e preocupação governamental com a educação; 15) divulgação mundial de Pernambuco; 16) transformação das famílias hospedeiras; 17) Intensificação de uma “para-diplomacia” entre PE e os países anfitriões através de acordos internacionais; 18) aumento do sentimento de “pertencimento” das escolas entre os alunos; 19) formação, com escala, de novas lideranças; 20) Inclusão social; 21) pós-intercambistas trabalhando como docentes em cursos particulares de línguas estrangeiras em muitos municípios; 22) pós-intercambistas trabalhando nos cursos de línguas do PGM (ajudando a resolver a carência de recursos humanos com habilidades na língua inglesa e espanhola, principalmente no interior); 23) escala na formação de recursos humanos para o ensino de línguas na rede pública estadual; 24) aumento no índice de aprovações nas Universidades e Faculdades; 25)consolidação dos laços de amizade entre a comunidade pernambucana e a dos países anfitriões;
Conclusão: Pela sua modelagem, objetivos, escala, preparo pré-embarque e resultados/impactos alcançados, o Programa Ganhe o Mundo é uma iniciativa única, inovadora e pioneira, tanto em nível nacional quanto mundial e de alto custo-benefício sob qualquer parâmetro avaliado, que certamente contribuirá para que Pernambuco se torne, em futuro próximo, um Estado com uma população bilíngue.
¹ - Professor Adjunto da Universidade de Pernambuco(UPE) e Ph.D pela University of Leeds.
² - Professor Emérito da Universidade de Pernambuco(UPE), Assessor de Relações Internacionais da UPE, Coordenador da Regional Nordeste da Associação Brasileira de Educação Internacional (FAUBAI) e Membro da Câmara de Internacionalização da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM).

Author(s):

Aurélio Molina da Costa    
Universidade de Pernambuco
Brazil

José Guido Corrêa de Araújo    
Universidade de Pernambuco
Brazil

 

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